O OUTRO
Já não vejo.
Já não sinto.
Já não vivo como antes...
Passei então, a viver a vida de
outro ser.
Comecei a viver a vida de um
escravo:
Como é sofredor!
Quantas dores eu suportei...
Quantas chicotadas meu pobre corpo
fraco
sentia...E não podia me expor, em
nada que
fizesse parte da vida do meu amo.
Era vida
triste, sofredora...
Passei a viver, então, a vida de
um cego:
Que escuridão terrível eu vivi!
Um mundo só de ruídos...
Ouvia, sentia, mas não saia da
escuridão...
Meu mundo era falso, fechado,
isolado de
Tudo e de todos...
Sabendo que jamais poderia ver o
sol
novamente, resolvi pensar apenas
na morte
que demorava a chegar.
Era uma angustia, um sofrimento
terrível...
E chorava com os olhos mergulhados
nas trevas...
Passei a viver a vida de um
aleijado:
Que vontade de correr meu Deus!...
Caminhar, chutar uma lata velha no
meu caminho...
Da porta fico a observar os
garotos atrás
da bola e sinto essas lágrimas que
rolam em
meu rosto... Quantas vezes tentei
sair dessa
cadeira de rodas, na esperança de
andar, e cada
tentativa era uma cicatriz que ficava
no meu corpo.
Quanta agonia eu passei! Que vida
triste meu Deus!...
Vivendo a vida de um doente
mental:
Sentir que, nessa tentativa, não
pude demonstrar
muita coisa não?
Minha cabeça era confusa!... O
errado era o certo,
o certo era o errado! E, antes que
desse algo errado:
VOLTEI!!!
Voltei a ser eu mesma. Aliviada,
mas sentindo todas
as dores de cada ser vivo.
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